quinta-feira, 31 de março de 2011

A apropriação da propaganda sobre a arte e a personificação de um objeto de consumo

Nem sempre um tema de pesquisa vem fácil. Algumas vezes brigamos com ele, moldamo-o dentro de nós até ele sair. O artigo que Vicente Sinato Filho compartilha conosco foi o resultado desta briga. E quem ganha somos nós´por poder ler as reflexões que dela surgiram.

A  apropriação da propaganda sobre a arte e a  personificação  de um objeto de consumo

Vicente Sinato Filho

           Resumo: Pretende-se mostrar no presente artigo como a propaganda se apropria da arte para atribuir qualidades que venham tornar atrativo determinado objeto para o consumo junto ao público.
           Os objetos artísticos que serão tratados aqui são dois: a propaganda e a forma artística de Pablo Picasso e os argumentos utilizados pela propaganda são que para um automóvel vender satisfatoriamente bem, necessita de agregar certos valores que vão além de qualidades mecânicas e funcionais, mas que também possua um diferencial com relação, por exemplo, ao seu desenho (forma da carroceria) e que remeta esse diferencial a um valor, (mesmo que subjetivo) relacionado com a beleza e exclusividade de uma obra de arte concebida por um determinado artista conceituado. Portanto se uma obra de arte de Pablo Picasso possui um valor estético desejável e exclusivo, reconhecido mundialmente, o automóvel Citroen Picasso, que leva o sobrenome do artista, também (sob o viés da propaganda) compartilhará de tais méritos.
           Palavras-Chaves: Qualidades Artísticas, Automóvel, Propaganda, Consumo.



  
À medida que novas tecnologias são empregadas na elaboração de objetos de consumo, ainda há uma evidente apropriação de alguma forma artística que tem a clara intenção de convencer o consumidor de que ao adquirir determinada marca de um produto como automóvel, por exemplo, não estará apenas adquirindo o (produto) automóvel, mas o status artístico que confere sua marca.
 Partindo desta premissa, noto que a cultura do consumismo é a divulgação intensa propagada pelos meios de comunicação que ditam preceitos sobre o que é desejável em determinado artigo ou objeto e quais as suas vantagens em adquiri-lo, pois o caso demonstrado aqui referente ao automóvel Citroen Picasso, traz em sua propaganda, que além de econômico ao usar combustível, possui linhas aerodinâmicas modernas e exclusivas e que devido a essas qualidades é interessante para o público comprar esse automóvel.  
Esses produtos consumíveis podem inserir como estratégia da propaganda, em objetos e ou artigos industrializados, elementos de qualidade humana, isto é, acabam adquirindo adjetivação humana (bonito, sofisticado, inteligente, arrojado...) e características artísticas de determinado personagem famoso, como notadamente ocorreu recentemente e amplamente divulgado nos meios de comunicação, principalmente televisão e revistas nas campanhas publicitárias da Citroen, fabricante de automóveis de luxo, que divulgou um modelo “inspirado” nas linhas artísticas de Pablo Picasso (1881 -1973).   
Percebo que esta relação estética – artística entre objeto e arte, ou seja, a apropriação de elementos característicos de uma obra artística para um objeto de consumo é demonstrada claramente por Edgar Morin (1967, p.81): “A participação estética se diferencia das participações práticas, técnicas, religiosas,... se bem que possa se justapor a elas: um automóvel pode ser ao mesmo tempo bonito e útil...”.
Sob o olhar artístico que se funde entre o artista (Picasso), suas obras e seu estilo de vida ,reconhecidamente de vanguarda  e o objeto (automóvel) , percebo que há uma intencionalidade da propaganda em apropriar essas idéias e características artísticas para  dar uma autoridade, uma espécie de assinatura atestando essas mesmas qualidades como sendo intrínsecas ao objeto. Senão, vejamos: A mídia da propaganda ao lançar, no caso o automóvel da marca Picasso, enfatiza suas linhas estéticas arrojadas, fora do padrão comum dos outros automóveis, sua velocidade nas estradas e o impacto visual que este causa ao passar em ruas e estradas...
Pois bem, essas características atribuídas ao automóvel (desenho com linhas arrojadas, impacto visual e estilo diferenciado) são derivadas das características das pinturas e esculturas de Pablo Picasso, que já era considerado um artista de vanguarda em sua época, é ainda cultuado, como se pode verificar, por exemplo, na exposição no museu de Málaga, na Espanha que reúne entre outras obras, esculturas deste artista que enfatizam seu estilo moderno e inovador.
Percebo que essas adjetivações artísticas apropriadas pela propaganda para inserirem-na em objetos industrializados, como um automóvel, com o objetivo de transferir essas qualidades ao público consumidor, através da aquisição de determinado produto, como exemplo, o automóvel Citroen Picasso, está em concordância com as palavras de Morin (1967, p.109):
É uma imagem da vida desejável, o modelo de um estilo de vida... Essa imagem é ao mesmo tempo, hedonista e idealista; ela se constrói, por um lado, com os produtos industriais de consumo e por outro lado, com a representação das aspirações privadas – o amor, o êxito pessoal e a felicidade.
     
É notório, ainda utilizando a propaganda do automóvel Citroen Picasso como exemplo, que esta imagem de felicidade e êxito pessoal é compartilhada também por um grupo social - a família-, fugindo um pouco da individualização da posse isto é, a propaganda quer enfatizar que o consumidor, ao adquirir o automóvel Citroen Picasso, estará compartilhando com outras pessoas, da felicidade e bem estar devido ao automóvel que é , segundo intencionalidade da propaganda, agregado com elementos artísticos de Picasso, pois perceba que um dos muitos vídeos dessa propaganda na França quando do lançamento do Citroen Picasso, mostram, entre outras qualidades do automóvel, a sensação de bem estar familiar atreladas ao carro.
Reforço essa idéia de apropriação artística pela propaganda com o objetivo de personificação (e, portanto, com forte adjetivação humana) em objetos de consumo através de observações a respeito do fetichismo da mercadoria notado com muita propriedade por Karl Marx:
... A forma da madeira é alterada ao fazer-se dela uma mesa. Contudo, a mesa continua a ser madeira, uma coisa vulgar, material. Mas a partir do momento em que surgem como mercadoria, as coisas mudam completamente de figura: transforma-se numa coisa a um tempo palpável e impalpável. Não se limita a ter os pés no chão, apresenta-se de cabeça para baixo e dela saem caprichos mais fantásticos do que se ela começasse a dançar.

Veja bem que, utilizando dessa análise de Marx, posso traçar alguma ambivalência com a transformação de um objeto por si inanimado (carro), tendo após o trabalho publicitário da propaganda, adquirido fantásticas qualidades tiradas dos traços e formas de uma obra de arte. 
Nestes parâmetros utilizados pela propaganda, perceba que existe uma tendência em atribuir e exaltar as qualidades não apenas mecânicas do objeto (automóvel), mas também de vincular sua imagem à do artista (Pablo Picasso), pois note que o objeto tenta pela propaganda se apropriar do valor intrínseco de uma obra de arte de um famoso artista, através de suas linhas e até da forma da escrita (logo) da marca, que é o mesmo da assinatura de Pablo Picasso, conferindo, portanto, a idéia para o consumidor de que não estará apenas comprando um automóvel com um propósito meramente utilitário, mas que está adquirindo algo que é também pela intencionalidade da propaganda, uma obra artística e exclusiva, como se fosse realmente algo produzido pelo próprio Picasso (afinal de contas ,assim como ter esse carro e um quadro de Pablo Picasso não é exclusivo para a maioria dos mortais) e que por isto justifique até seu preço, pois se trata também de uma série especial que a Citroen irá produzir por um curto espaço de tempo.
A conclusão que posso chegar sobre o tema apresentado é de que movida por interesses que atendam as metas de vendas de determinado bem de consumo, as indústrias, valendo-se das agências publicitárias das propagandas, que também querem obter mais capitais e lucro através de seus serviços publicitários, não faz por menos ao utilizar características artísticas de determinado pintor, escultor, músico,... como sendo características natas a determinado bem de consumo e , com isso ,despertar o interesse do público para um objeto que , pela criatividade, ainda e mesmo que por vezes de duvidosa qualidade, as propagandas tornam determinado objeto de consumo tão exclusivo quanto uma obre de arte ,esquecendo-se aqui , o propósito meramente utilitário de um automóvel por exemplo, mas que agora o que  está em jogo é conseguir, ( e isto não é explícito sobre nenhum pretexto) , essencialmente para o aumento do prestígio de determinado fabricante frente ao mercado consumidor e consequentemente o incremento das vendas de seus produtos e / ou bens de consumo.
         

Bibliografia

MARX, Karl: O Capital. Secção 4 - O Fetichismo da Mercadoria e o Seu Segredo.   Centelha - Promoção do Livro, SARL, Coimbra, 1974.
MORIN, Edgar: Cultura de Massas no Século XX.  1 Edição Brasileira Forense , São Paulo,1967
Infografia:

Título: Mostra traz brinquedos de Picasso e outros artistas de vanguarda. Disponível em:http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/bbc/2010/08/17/mostra-traz-brinquedos-de-picasso-e-outros-artistas-de-vanguarda.jhtm

Título: O Capital – Volume 1- 1867.Disponível em:http://www.marxists.org/portugues/marx/1867/ocapital-v1/index.htm
Título: Citroen Grand C4 Picasso. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=GfZpW0eb4qk

Vidas secas dos retirantes

Queridos e queridas,
Sabe quando temos um tema de pesquisa dentro de nós e ele conversa conosco até sair, aos poucos, amadurecendo e descobrimos que somos mais felizes com ele? Pois é, Carlos Alberto Maia descobriu um destes temas...que fala de sua história, de sua alma. E compartilha conosco o artigo que produziu. Boa leitura!

VIDAS SECAS DOS RETIRANTES: Uma questão de Governo
                                                                                              CARLOS ALBERTO MAIA
RESUMO
Com este tema - tão abrangente e insolúvel ao mesmo tempo – o artigo traz a proposta de discussão deste assunto partindo de duas fontes de pesquisas inspiradas na seca do nordeste brasileiro. A primeira fonte trata-se da obra de Graciliano Ramos intitulada “Vidas Secas”. A segunda fonte de pesquisa é um quadro de Candido Portinari intitulado “Os Retirantes”, praticamente uma imagem falada da obra escrita por Graciliano Ramos. Neste sentido as obras se relacionam, e é nesta comunicação que pretendo traçar um fio condutor entre estas duas obras, falando das condições gerais da população brasileira no tocante á seca, onde se vêem bairros inteiros em condições de perigo com relação á falta de água e a ação desastrosa do governo, sempre propondo o paliativo como solução para a dor de uma grande multidão que só queria ser reconhecida como cidadão brasileiro, como os mesmos direitos e obrigações.
PALAVRAS CHAVES: Vidas Secas, retirantes, falta de água, descaso, governo.
VIDAS SECAS DOS RETIRANTES: Uma questão de Governo
Nas condições atuais de nosso planeta, a falta de água é algo inevitável para dias futuros. O problema da numerosa população terrena contrastando com a quantidade ínfima de água doce disponível no eco-sistema são preocupantes.  Essa é uma realidade que há muito tempo assola as multidões, sempre suscitando discussões e previsões, as mais apocalípticas possíveis. E em um curto espaço de tempo estamos fadados a graves aborrecimentos, incluindo-se aí grandes massas de migrações brasileiras e mundiais. Estas
 migrações brasileiras, vistas pelo ângulo da sua causa, são verdadeiras migrações forçadas, provocadas pelo fato de que o jogo do mercado não encontra qualquer contrapeso nos direitos dos cidadãos. São freqüentes as migrações ligadas ao consumo e a inacessibilidade a bens e serviços essenciais. (SANTOS, 1993, p. 44)
O Governo não tem uma política eficaz para resolver o problema na sua raiz. O descaso, a corrupção, a falta de um reconhecimento igualitário do povo, são aspectos que prevalessem na hora de emitir uma ajuda eficaz a um povo mais distante dos grandes centros urbanos. Principalmente quando, dentro desta visão de mundo, existem ingredientes envolvendo distinção de classe social, pré-conceito e discriminação. Neste sentido o Governo nem vai lá, de longe estuda qual a melhor saída, qual a menos onerosa. É como se os gritos de desespero do povo local “não encontrassem eco na capital federal”. (VILLA, 2000, P.106)
Atualmente a migração não é conseqüência de uma escolha livre, mas tem uma raiz claramente compulsória. A maioria dos migrantes é impelida a abandonar a própria terra ou o próprio bairro, buscando melhores condições de vida e fugindo de situações de violência estrutural e doméstica. Este é um grande desafio, pois migrar é um direito humano, mas fazer migrar é uma violação dos direitos humanos. (MARINUCI apud ROCHA NETO, 2006, p. 22). [1]  

O ato de migrar sem apoio de ninguém, antes por força da sobrevivência, está estampado na obra de Graciliano Ramos e muito clara no quadro de Portinari, quando se lê e visualiza a condição do despreparo, do abandono, da tristeza e da dor de não ter o que fazer, ou para onde ir, salvo esperar a morte em sofrimentos atrozes. Além de tudo isto, existe o fato do povo ser tirado da sua terra natal nas piores condições de sobrevivência, e com um mínimo de confiança de um dia voltar e refazer a vida com os seus na terra natal. É como canta Luiz Gonzaga na sua bela música: A Triste Partida.[2]

Se o nosso destino
Não for tão mesquinho
Ai pro mesmo cantinho
Nós torna a voltar

No caso dos nordestinos, foi a saída que o governo achou - talvez a mais barata e menos comprometedora das divisas do país -, visto que “o governo, a igreja e os grandes proprietários e comerciantes não desejavam partilhar seus recursos socorrendo os milhares de retirantes; a emigração pareceu como uma solução”. (VILLA, 2000, P.57). Acharam melhor mandar para outra região onde muitos deles não voltaram mais, como canta o refrão da música de Luiz Gonzaga.[3]
Faz pena o nortista
Tão forte, tão bravo
Viver como escravo
No Norte e no Sul

Sendo assim, a tragédia já está desenhada. Em uma seca de grandes proporções, com falta de água generalizada, como a de 1877-1879, não haveria assistência eficaz para todos. Mesmo nos nossos dias, com um governo supostamente popular a falta de água generalizada causaria um movimento assustador de pessoas no campo e na cidade. O desespero com a falta de água é algo que muitos de nós ainda não experimentamos; o fato de ver a necessidade dentro de casa, sem poder fazer nada, obrigando-nos a partir sem saber para onde ir, é um espectro terribilíssimo que ameaça cada habitante da face da terra a médio e longo prazo.
Um outro quadro de Candido Portinari, intitulado “Criança Morta”, (também em anexo nesta edição),  traz muito bem essa dor do desespero; o fato de se perder uma criança dentro de casa ou em uma retirada, massacrada pela sede e pela fome é desolador. Antonio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré, em morte de Nãnã dizia que “Na sua pequena boca, eu via o lábio tremendo, e naquela aflição louca, e também reconhecendo que a vida tava no fim foi regalando pra mim os tristes olhinhos seus, ai, ai, ai e disse: Bença Papai. Fechou os olhos e morreu”.[4]
É a tristeza que afeta o mais pobre da terra; só quem está imune a isto é uma classe rica, com condições financeiras para mudar de região sem dificuldades. Todavia o egoísmo não deixa que essa classe dominante veja mais ninguém, só pensando nela própria. O próprio Papativa do Assaré diz que “Vendo que não tinha inverno, o meu patrão, um tirano, sem temer a Deus nem o inferno, me deixou no desengano sem nada mais me arranjar” [5]. É a dor do nordestino abandonado na sua sorte, sem ter pra quem recorrer a não ser para Deus.
Esse abandono a própria sorte está estampado na obra de Graciliano Ramos, uma família de retirantes constituída de quatro pessoas e um animal, o retrato do desprezo da sociedade “abandonados pelo poder público, tentavam encontrar por si só, se não a solução para os seus problemas, ao menos formas de minorar os sofrimentos”. (VILLA, 2007, p. 178), fugindo com desespero gerado pela fome e pela sede e pelo cansaço; mesma impressão presente no quadro de Candido Portinari, cujo espectro da morte está tão presente
No céu, percebemos uma grande quantidade de pássaros que foram retratados num céu bastante azul. Estes pássaros foram pintados de preto, certamente com uma finalidade de retratação da morte, lembrados pela presença dos urubus, (...) que sorrateiramente aguardam a hora de se aproveitarem daqueles que não resistem mais e morrem. Percebemos também uma alusão alegórica à morte no encontro de uma destas aves com o cajado do personagem mais velho da composição, formando a conhecida foice que representa a presença desta que ceifa a vida. (ROCHA NETO, 2006, P. 36)[6]

Com o passar dos dias, ”os sertanejos que olhavam o nascer do sol baixavam a vista, alguns chorando a sua sentença de morte”. (VILLA, 2000, P. 45). Estas condições favorecem os atos desesperadores. A população não vendo saída ou atitude do governo movem-se de forma desorganizada, “famílias inteiras mortas, estradas juncadas de cadáveres, povoações abandonadas, lares destruídos, a capital e as cidades cheias de famintos. (VILLA, 2000, P.106). O governo, por sua vez indiferente, achando que era um mal passageiro e que logo tudo voltaria á normalidade,
Percebe-se na fala de Marco Antonio Villa, que este descaso para com os pobres é uma marca do Brasil. O que aconteceu no final do século XIX e no século XX com o nordestino referente a seca, é o mesmo que acontece hoje em pleno século XXI em algumas regiões como Rio de Janeiro e São Paulo, que o governo leva mais tempo tentando explicar o inexplicável do que tomando atitudes acertadas para resolver os problemas de forma definitivamente. O interessante é achar o culpado, o bode expiatório, aquele que será usado pela classe dominante para desviar de si a atenção da mídia e dos jornais. A solução dos problemas sociais, principalmente quando envolvem: Moradia, condição social, reforma agrária, desemprego e falta de água, tem que esperar; não será resolvido prontamente, mesmo porque “o governo ouve o grito das vítimas e constata a sua impotência para acudi-las”. (VILLA, 2000, P. 123)
Os problemas existem, a desigualdades são históricas; o Brasil é um dos países com a pior distribuição de renda entre os cidadãos e com certeza a prioridade da elite brasileira difere da prioridade da classe baixa, onde os problemas são básicos
Há desigualdades sociais que são, em primeiro lugar, desigualdades territoriais, por que derivam do lugar onde cada qual se encontra. A república somente será realmente democrática quando considerar todos os cidadãos como iguais, independente do lugar onde estejam. (SANTOS, 1993, p. 123)
Os interesses não são os mesmos para todos. Enquanto o homem rico está preocupado com água para encher sua piscina residencial, o pobre da região de Carapicuíba[7] sofre com a constante falta de água para tomar banho e fazer comida. É o caos, e depende muito do lugar que cada um está nesta sociedade que prioriza quem tem dinheiro e joga ao abandono, ao ostracismo aqueles que não têm para onde ir.

CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Este artigo trouxe o problema da falta de água, da seca, que primeiro flagelou os nordestinos obrigando-os as migrações atrozes. O problema estampado nas duas obras é justamente a desigualdade territorial, quando a união, o governo, deveria considerar todos iguais, mas parece que alguns são mais iguais do que outros.
Tanto no texto de Marco Antonio Villa (2000) quanto no texto de Milton Santos (1993) os problemas estão na desigualdade social; o problema é ser nordestino, é estar mal localizado, é não ter educação; mas sabemos que mesmo em São Paulo ou Rio de Janeiro temos os escolhidos, uma pequena elite que escapará seja qual for a catástrofe. Os escolhidos serão eleitos pelos recursos que tem; o capitalismo é assim mesmo: patrão de um lado e empregado do outro; e as condições financeiras determinam quem deve escapar e quem deve morrer.
Este artigo não pretende esgotar o assunto, mas quando teremos água para todos? Falo primeiro do Brasil, para depois falar do mundo. Até quando aqueles que não têm água suficiente para viver ficarão quietos em seus lugares padecendo necessidades atrozes, sem buscar retirada para este ou para aquele continente? Tenho para mim que muito em breve a luta não será mais por petróleo, e sim pela água e o Brasil sempre foi a menina dos olhos de quem sonha em ter água para vender e negociar, uma elite internacional poderosa que muitas vezes considera a América Latina como quintal de sua casa[8] ou dizem que se os países sub-desenvolvidos não tem dinheiro para pagar as suas dívidas, devem pagar com os recursos que tem[9].

Referência Bibliográfica.

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 109. Ed. Rio de Janeiro: Record, 2009
SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. 2. Ed. São Paulo, 1993.
VILLA, Marco Antonio. Vida e Morte no Sertão: Histórias das secas no nordeste nos séculos XIX e XX. 1ª Ed. São Paulo, Ática, 2000.
ASSARÉ, Patativa do. A morte de Nãnã. Disponível em Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=cWD0YoweNy4: acessado em 12/03/2011
GONZAGA, Luis. A triste Partida. Disponível em Disponível: \Documents and Settings\Usuario\Meus documentos\Professora Angélica\ARTIGO OFICIAL\Textos WEB\A TRISTE PARTIDA - LUÍZ GONZAGA (letra e vídeo).mht, acesso em 12/03/2011

MARINUCCI, Roberto. O fenômeno Migratório no Brasil. Disponível em Disponível em: <http://www.migrante.org.br/ofenomenomigratorioparaobrasil.doc>. Acesso em: 12 Mar. 2011.

ROCHA NETO, Manuel Alves da.  Possibilidades de leitura na Obra: “Retirantes” de Cândido Portinari. UBERLÂNDIA – MG. 2006. Disponível em 12/03/2011.



12 Mar. 2011.
[2] Disponível em http://letras.terra.com.br/luiz-gonzaga/82378/ acessado em 16/03/2011.
[3] Idem
[4] Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=cWD0YoweNy4: acessado em 12/03/2011
[5] Idem
[6] Disponível em HTTP://www.migrante.org.br acesso em 12/03/2009. Pesquisando no Google como: Migrante o fenômeno migratório para o Brasil, é possível ter acesso a uma cópia deste artigo do Marinucci que foi citado no artigo do Professor Manoel Alves da Rocha Neto em descreve com maestria a obra “Os Retirantes” de Portinari.
[8] Expressão muitas vezes usadas pelos norte americanos mas que achei disponível em http://primeirocontramare.blogspot.com/2005/04/amrica-latina-quintal-dos-eua.html para servir de exemplo. Acesso em 15/03/2011.
[9] Expressão usada pela Rainha da Inglaterra referindo-se ao Brasil e sua floresta amazônica.

Prosa legionária

Queridos e queridas,
Recebi um presente neste ano. Comecei a lecionar num curso de pós-graduação em que me couber compartilhar com os alunos Intersecções entre Arte e História. E foi numa desta noites de quinta-feira que conheci um aluno apaixonado por música. Ele encaminhou-me um texto que permitiu que compartilhasse com vocês. Aproveitem!

UMA PROSA LEGIONÁRIA
Juscelino Neto

            Ainda é Cedo para terminar, talvez Antes das Seis seria o ideal. Não foi Tempo Perdido o período que passei com você. Eu Sei que Quando o Sol Bater na Janela do Seu Quarto será Um Dia Perfeito, sem chuva forte ou frio em demasia.
            Vinte e Nove, apenas de quatro em quatro anos o mês de fevereiro conta este número de dias. Será que consigo lembrar disto a minha vida inteira? As lágrimas que caíram dos meus olhos foram Dezesseis, mas foi bom, fiquei com o Sagrado Coração. Sou religioso, mas não pertenço A Ordem dos Templários. 
            Ler é um excelente hábito, quero algo novo, preciso de O Livro dos Dias, em 1º de Julho começo a leitura. Leila disse que tem esse livro, ela fala a verdade, trata-se de uma pessoa Sereníssima. Só Por Hoje fiquei até mais tarde na Fábrica., Há Tempos não fazia extra, ainda mais nessa Metrópole que está em Mil Pedaços.
            Preciso passear, Os Barcos ancorados me deram ânimo. Senti o Vento no Litoral apenas uma vez, dei azar, estava chovendo. As Quatro Estações do Ano, fui na errada, deveria ter ido em Uma Outra Estação.
            A Geração Coca-Cola acabou. O Reggae não era A Dança preferida na época, gostavam de uma Química mais pesada. Conexão Amazônica era a porta de entrada. Passava por Sete Cidades antes de chegar a Maurício, Eduardo e Mônica. Tinha até alguns Índios envolvidos; Quase Sem Querer, é verdade. Estavam Perdidos no Espaço, Clarisse avisa: Por Enquanto, só aos Meninos e Meninas. -  “cuidado na Travessia do Eixão”.
            Mariane não estava com o Daniel na Cova dos Leões, preferiu a companhia de Andrea Doria, Os Anjos são testemunhas. O Mundo Anda Tão Complicado, não há mais amizade entre Pais e Filhos. A Tempestade de inimizades e o Tédio (com T bem grande para você) contribuem para isso. Não conheço Angra dos Reis, mas já a desenhei várias vezes com um pedaço de Giz. Mais do Mesmo amor é o que necessito, vou até A Fonte para encontrá-lo.
            Que País é Este, onde existe um Teorema de paz? O Descobrimento do Brasil foi em 1500, os portugueses avistaram o monte Pascoal, e não o Monte Castelo, desde então buscaram o Petróleo do Futuro. Eles foram As Flores do Mal para muita gente. A Montanha Mágica era certeza de riqueza, foi uma correria em busca de lucro e não de justiça.
            Tenho uma idéia, Vamos Fazer um Filme. Já fiz um em que o Faroeste Caboclo era cantor de Música Urbana,e Eu Era um Lobisomem Juvenil que trabalhava na Central do Brasil. Nesta nova trama, Marcianos Invadem a Terra, cortam as Plantas em Baixo do Aquário, e vão embora. Haverá uma chuva de Metal Contra as Nuvens, são as aeronaves dos marcianos que passeiam pelo céu a caminho de casa. Não é um filme de guerra, é uma Comédia Romântica. O Dado Viciado não é um perdido, é apenas mais um dos Soldados. Uma Perfeição, nada de morte, dor, fome ou tristeza. O nome do filme? Depois do Começo.
Ah! Quase esqueci de falar onde passará o filme, será naquele lugar de nome estranho: O Teatro dos Vampiros. Eu vou, depois eu falo Se Fiquei Esperando o Meu Passar.